FICÇÃO HISTÓRICA romanceada que narra o fim de Pilatos e de sua esposa, após o julgamento em que aquele Juiz e Prefeito da Judeia condenou o Cristo à bárbara pena de morte por crucificação.
Estava escrito que Jesus de Nazaré, o Cristo, haveria de nascer pobre, em uma manjedoura; estava profetizado que Ele viveria, morreria e, por fim, ressuscitaria, cumprindo a promessa divina de reconciliação entre Deus e os homens.
E sobre Pilatos? Nada se predestinou?
Três figuras surgem como protagonistas da consumação da crucificação do Mestre: o discípulo Judas, que O traiu; o apóstolo Pedro, que O negou; o juiz Pilatos, que O condenou à mais cruel pena de morte.
O evangelista Mateus diz que Judas se matou por enforcamento, tomado de grande arrependimento; a tradição cristã antiga reafirma que Pedro se entregou ao martírio durante a perseguição do Imperador Nero, vencendo o medo da morte. E Pilatos?
A respeito de seu fim, há várias versões em escritos apócrifos, desde as que falam sobre seu arrependimento e santificação, até as que narram sua condenação pela morte de Jesus, que teria enfurecido o Imperador Tibério!
Na realidade, a minuciosa descrição dos atos de julgamento de Jesus por Pilatos contida nas escritas sagradas dos evangelistas, onde ele filosofa sobre “o que é a verdade”; a estranhíssima cena em que o Juiz “lava as mãos” (ato da tradição de Jerusalém, que não significa “omissão”, e sim “absolvição”), e até mesmo seu posterior interesse na guarda do sepulcro do Cristo, levam a crer que Pilatos não “desapareceu” da história por ter sido uma figura insignificante ou desprezível.
Contudo, além de uns poucos objetos, tais como uma moeda de bronze, pouca prova material a História deixou da existência de Pilatos. A própria Torre Antônia, onde se deu o julgamento do Cristo, desapareceu…
Ainda, há 50 anos, em “Herodium”, uma outra reminiscência do Juiz Pilatos foi encontrada.
Trata-se de um anel simples, de liga de cobre, e que, por isso, supõe-se que não teria ornado o dedo do rico e poderoso Prefeito romano, mas estado no dedo da mão de um de seus subordinados.
Então, a partir dos poucos fatos historicamente existentes, dos quais Flávio Josefo é um historiador subjetivo e não-confiável, porque reproduz acontecimentos dos quais ouviu falar, não os presenciando diretamente, resta um grande espaço em branco que, em O Julgamento de Pôncio Pilatos, transformei nas folhas do meu primeiro romance (1992), ao longo de meses, madrugada afora, buscando, nos escritos apócrifos contraditórios, um fim para o espírito de Pilatos, um destino que, finalmente, pudesse deixá-lo em paz.